O novo presidente do Conselho de Administração (PCA) das Edições Novembro, Drumond Alcides Jaime Mafuta, nomeado no dia 9 deste mês pelo Presidente da República, João Lourenço, tomou posse numa cerimónia presidida pelo ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem.
Também tomaram posse Edson Salek Francisco Pereira, como administrador executivo da Angola Telecom, e Jaime Vitorino Azulay, administrador não executivo da Edições Novembro, igualmente nomeados pelo Chefe de Estado.
Manuel Homem considerou o acto como mais um passo no programa de estabilização e melhoria da organização das empresas do sector que, desde sempre, estiveram ao serviço do MPLA, funcionando como correias de transmissão dos interesses partidários.
O ministro disse que os novos responsáveis da Edições Novembro têm uma grande responsabilidade, porquanto há necessidade de se continuar a estender o acesso ao Jornal de Angola (JA), não só o físico, mas também através das ferramentas tecnológicas, para levar informação de qualidade e isenta a mais cidadãos. Chamar “informação de qualidade e isenta” ao que o JA faz é como dizer que Angola é um verdadeiro Estado de Direito. Ou seja, qualquer semelhança é mera coincidência.
“É fundamental que possamos ter, no caso específico da Edições Novembro, uma melhoria na qualidade daquilo que tem sido o trabalho que o Jornal de Angola e todas as outras edições têm feito. É imperioso contarem com todos os que fazem parte desta equipa para que o trabalho possa ter sucesso”, frisou Manuel Homem.
A empresa Edições Novembro – E.P. é a proprietária e produtora dos títulos Jornal de Angola – diário generalista – do Jornal dos Desportos, Economia & Finanças, Jornal Luanda, Jornal Planalto e Jornal Ventos do Sul, estes últimos criados para atender à demanda em informação especializada sobre assuntos regionais.
Sobre a Angola Telecom, Manuel Homem lembrou que existe na empresa um programa de reestruturação que visa melhorar a eficiência técnica que a empresa vem necessitando.
O novo PCA da Edições Novembro vincou que a sua aposta é tornar a empresa importante, não só na circulação de informação, como nas ideias estruturantes. É, reconheça-se, uma forma eufemística de dizer que a empresa deve ser (ainda) mais pela chamada informação (Jornalismo é outra coisa) patriótica, mensurável pelo sucesso do MPLA chegar aos 100 anos de governação ininterrupta. Já só faltam 55 anos.
“Pretendemos uma maior circulação do Jornal de Angola em todo o país e aumentar a quantidade de informação de outras regiões, bem como melhorar as condições de vida e de trabalho dos jornalistas”, realçou.
Assistiram ao acto os PCA da Agência Angola-Press (ANGOP), Josué Salusuva Isaías, Televisão Pública de Angola (TPA), Francisco Mendes, e Rádio Nacional de Angola (RNA), Pedro Cabral, bem como outros responsáveis do sector.
Homenagem a Jaime Azulay
Recordamos agora um texto ficcional inspirado na obra-tia (obra-prima é só para seres menores) desse paladino da comunicação do MPLA, Jaime Azulay, que o Folha 8 publicou no dia 12 de Julho de 2019:
«Na minha idade já não se acredita muito em contos de fadas mas, às vezes, acontecem coisas na vida que não lembram ao diabo, nem mesmo a “deus” ou aos seus escolhidos na Terra. Ainda bem que pela manhã, logo após o matabicho, já tinha ingerido a minha dose de whisky. Não sei se era a primeira da manhã ou a última da noite, mas para o caso tanto faz.
A nossa agenda de trabalho, como gosto de salientar, começava com a cobertura de uma visita de Estado do Presidente da MPLÂndia, Messias João Californiano de Benguela (e respectivo séquito) à “Praça 27 de Maio de 1977”, localizada ali mesmo ao lado da vala-comum que homenageia os heróis desse massacre.
Tratava-se de uma visita com elevado grau de simbolismo nas relações da MPLÂndia com o continente africano, mas não só. Ao longo do perímetro arborizado da praça estão, entre muitos outros, os bustos de grandes líderes mundiais como Agostinho Neto, Adolf Hitler, Saddam Hussein, Joseph Stalin, Pol Pot, Mao Tse-Tung e Kim Jong-il.
A nossa actividade estava prevista para o espaço defronte ao busto de Agostinho Neto, primeiro Presidente da MPLÂndia que, por sinal, foi o responsável pela limpeza da peste que invadiu o seu reino e que dava pelo nome de “fraccionismo”.
O protocolo previa traje formal para os integrantes da caravana, incluindo nós, os jornalistas, o que achei um tremendo excesso de zelo, dado a actividade acontecer a céu aberto e debaixo do calor infernal que se fazia sentir. Resolvi por bem furar a regra, vestindo calcas “jeans” e uma camisa de mangas compridas, com a estratégia (genial como é timbre de qualquer jornalista formado, formatado e reciclado na MPLÂndia) de presenciar o desenrolar da actividade, ligeiramente distanciado do local onde estava o Presidente Messias João Californiano de Benguela.
No local, encontramos jornalistas oriundos das mais evoluídas democracias do mundo, desde a Coreia do Norte à Guiné-Equatorial, totalmente descontraídos.
Após os protocolos militares realizados impecavelmente pela guarda de honra das “Forças Internacionalistas, Mercenárias e Revolucionárias”, pela parte dos anfitriões acompanhava o Presidente Messias João Californiano de Benguela o herói militar conhecido por “General Khmer Vermelho” que, na sua intervenção apologética, exaltou a tradicional amizade entre os povos dos dois reinos, forjada ainda durante a luta armada de substituição dos colonialistas, e mais tarde nas batalhas contra todos os exércitos opressores, nomeadamente aquele comandado por Nito Ales.
Seguiu-se o discurso do Presidente Messias João Californiano de Benguela que aproveitou para realçar que a homenagem em curso era extensiva aos demais líderes mundiais que, em determinados períodos da História, lutaram para a libertação dos seus povos do jugo do colonialismo. “A luta dos povos africanos pela sua independência contou sempre com a ajuda e solidariedade do povo amigo da Coreia do Norte, de Cuba, da Guiné Equatorial”, disse o Presidente, ressaltando que nos tempos actuais as relações com esses baluartes das liberdades, da democracia e do progresso se encontram nos patamares de uma cooperação mutuamente vantajosa em vários sectores de actividade.
Após a cerimónia, toda a comitiva do Presidente Messias João Californiano de Benguela visitou os restantes bustos do parque. Aproveitei para dar um abraço ao Fernandinho e ainda batemos as competentes fotos para comprovar a nossa inevitável (re)conciliação. Cumprimentei também dois generais amigos, mas depois procurei continuar sozinho a uma boa distância, com o meu metro e noventa e quatro e meio e centena e poucos picos de quilos a destilar a rodos. Tentava aproveitar a sombra de uma árvore, quando, repentinamente, deparo-me com toda a comitiva a parar do outro lado do arrelvamento e o Presidente Messias João Californiano de Benguela a apontar a kalashnikov, perdão, o indicador para mim.
Oh, meu Deus, que se passa? Olho para o lado e não havia mais ninguém assim muito próximo. Arregalo bem os olhos, que como sabem se situam naquela coisa mais ou menos redonda no topo do corpo e que, dizem alguns, serve para pensar mas que eu, inteligentemente, apenas uso com fins decorativos, e vejo o Fernandinho e outras pessoas a chamarem-me com gestos que se ouviam do outro lado da praça:
“É você mesmo Avermelay, vem cá”.
Tentando refazer-me (isto é como quem diz) da surpresa já planeada, comecei a caminhar em direcção ao Presidente Messias João Californiano de Benguela e quando estava a poucos metros, ele “dispara” enquanto estende a mão firme típica de um general: “Ó Avermelay, estás assim tão gordo que já não consegues caminhar, que se passa contigo? Tens de fazer como os nossos 20 milhões de pobres e comer fuba podre, peixe podre e, se refilares, já sabes, levas porrada”.
Confesso que me senti como um esquimó em pleno deserto do Sahara, mas lá consegui cumprimentar o Presidente Messias João Californiano de Benguela, mas os estalidos das câmaras dos meus colegas me punham sem jeito. Estavam todos estupefactos, porque o Presidente estava a “furar” o rígido protocolo, se bem que fosse por uma nobre causa, como são, aliás, todas as que ele protagoniza.
Então, aqui todo pessoal bem vestido e o Presidente manda parar a comitiva e chama esse grandalhão desajeitado que estava quase como o gato, escondido atrás de uma árvore mas – como previsto – com o “rabo” de fora? Sinceramente…
O Presidente Messias João Californiano de Benguela aparentava boa disposição e perguntou-me: “Então, nosso antigo repórter de guerra, deixaste de correr agora estás a ficar gordo, tem de treinar e agora também já não escreves, porquê? É que o MPLÂndia continua a precisar dos teus escritos bajuladores”.
Retorqui: “Presidente, ainda hoje o La Gaceta de Guinea Ecuatorial publicou a minha crónica a partir daqui”. Ele sorriu e depois despedimo-nos de forma bastante cordial.
Foi assim o meu primeiro encontro com o Presidente Messias João Californiano de Benguela, depois que se tornou Presidente da MPLÂndia.
Enfim, quis o destino que me encontrasse com o meu Presidente Messias João Californiano de Benguela num local do outro lado do Atlântico, distante do nosso reino milhares de quilómetros. É bem verdade o que ensina a sabedoria do nosso povo: apenas os morros de Salalés não se encontram. Caro Presidente Messias João Californiano de Benguela, muito obrigado pela atenção que me dispensou e acredito ser extensiva aos profissionais sérios da comunicação social angolana. Senti-me muito honrado, sim, porque tenho certeza que sempre procurei fazer o meu trabalho com dedicação, amor e sentido de missão, tal como aprendi com os valores que me foram inculcados pela família e pelos homens de verdade com quem tenho cruzado neste precário percurso que é a vida.
Campeão (não) luta!»